Improvisação com outside notes

Vamos aproveitar esse tópico para fazer uma revisão geral de tudo o que vimos sobre improvisação até o momento, para servir como um guia de consulta rápida.

Guia de improvisação

Antes de mais nada, o bom improvisador precisa saber em que terreno ele está pisando. Para tanto, é importante:

1) Identificar a tonalidade principal da música.

Pré-requisito: conhecer os campos harmônicos naturais.

2) Identificar rapidamente mudanças de tonalidade, se houver.

Pré requisito: conhecer os recursos mais utilizados para modulações.

3) Identificar acordes passageiros estranhos à tonalidade, se houver.

Pré-requisito: conhecer os conceitos de AEM, dominantes secundários, segundo grau maior, quarto grau menor, diminutos de passagem.

4) Identificar a sensação harmônica de cada acorde da música.

Pré-requisito: conhecer as funções harmônicas.

Muito bem, com esses 4 itens o improvisador já tem uma ótima visão sobre o terreno que está pisando. Para saber como tirar o máximo de proveito desse terreno, é importante que o improvisador saiba utilizar as principais escalas.

Contexto de aplicação das escalas musicais

Vamos organizar então os contextos em que as escalas podem ser aplicadas, destacando em itálico os recursos que trazem outside notes para seu solo:

1) Ao identificar a tonalidade (e possíveis mudanças de tonalidade) da música, o músico pode utilizar:

– Escalas naturais: maior, relativa menor, modos gregos.

– Derivadas das escalas naturais: pentatônica e escala blues.

2) Ao identificar acordes passageiros estranhos à tonalidade, o músico pode utilizar:

– Em cima de acorde de empréstimo modal: Escalas naturais (desde que saiba de qual modo veio esse AEM).

– Em cima de dominantes secundários e segundo grau maior: Escala menor melódica uma quinta acima do acorde em questão.

– Em cima de acorde de quarto grau menor: Escala menor do acorde de I grau da tonalidade e/ou Escala menor melódica do próprio acorde IVm.

– Em cima de diminutos de passagem: Escala diminuta do próprio acorde.

3) Ao identificar a sensação harmônica de cada acorde, o músico pode utilizar:

– Sobre a função tônica (I grau da música): Escala maior, relativa menor, pentatônica, escala blues, arpejo do acorde, escala bebop, target notes por aproximação cromática.

– Sobre a função tônica (VI grau da música): Escala menor, relativa maior, pentatônica menor, escala blues, arpejo do acorde, escala bebop, target notes por aproximação cromática.

– Sobre a função tônica (III grau da música): Modo frígio, pentatônica menor, arpejo do acorde, target notes por aproximação cromática.

– Sobre a função subdominante (II e IV graus): Modo grego do acorde, arpejo do acorde, target notes por aproximação cromática.

– Sobre o acorde dominante não alterado (V7): Modo mixolídio, arpejo do acorde, escala menor melódica uma quinta acima, escala alterada, escala diminuta um semitom acima, escala hexafônica do próprio acorde, escala bebop, target notes por aproximação cromática, escala menor harmônica uma quarta acima (caso resolva em I grau menor)

– Sobre o acorde dominante alterado (V grau alterado): Modo mixolídio, arpejo do acorde, escala alterada, escala diminuta um semitom acima, escala hexafônica do próprio acorde, escala bebop, target notes por aproximação cromática, escala menor harmônica uma quarta acima (caso resolva em I grau menor).

Já falamos isso algumas vezes, mas nunca é demais enfatizar que o acorde dominante é o que mais permite outside notes, como você acabou de ver aqui.

Sobre os demais acordes do campo harmônico natural, as outside notes podem surgir das escalas: blues, bebop e target notes por aproximação cromática. Sempre é bom voltar e estudar novamente algum tópico caso você tenha esquecido como se aplica alguma escala. Esse resumo serve de guia apenas para quem já absorveu cada conteúdo separadamente aqui no site.

Aos poucos, iremos introduzir novos conteúdos também, então não deixe de acompanhar e inscreva-se em nosso canal. Seu solo vai ficar cada vez mais temperado à medida que você for pegando a “malandragem” dessas outside notes.

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